Rajat Gupta, um
ex-administrador do banco Goldman Sachs considerado culpado em junho
passado por uso ilegal de informação empresarial confidencial, foi
condenado nesta quarta-feira pela justiça americana a dois anos de
prisão e multa de cinco milhões de dólares [1].
Considerado um peixe
grande de Wall Street, Gupta, indiano naturalizado americano de 63 anos,
foi acusado de ter transmitido informações confidenciais a seu amigo e
parceiro de negócios Raj Rajaratnam, um milionário de origem cingalesa, o
que lhe permitiu fazer vantajosos negócios na bolsa.
A sentença do juiz Jed
Rakoff foi clemente se for levado em conta que Gupta podia ser condenado
a uma pena de oito a dez anos de prisão. Mas
o juiz rejeitou o pedido do advogado de Gupta para que seu cliente
fosse enviado a Ruanda para realizar trabalho humanitário no lugar de
cumprir a sentença em uma prisão dos Estados Unidos.
O advogado Gary Naftalis
destacou o envolvimento de longa data de Gupta em ações de caridade,
particularmente no combate à malária, à Aids e a outras doenças que
atingem principalmente os países pobres.
O juiz Rakoff levou em
conta tais atividades caritativas, assim como o fato de que vários
jurados choraram ao divulgar seu veredicto condenando uma "pessoa com
algumas ótimas qualidades".
"Perdi a reputação que
construi ao longo de minha vida. Lamento terrivelmente o impacto desta
questão sobre minha família, meus amigos e as instituições que
respeito".
O promotor federal Preet
Bharara estimou que "com a sentença de hoje, Rajat Gupta deve enfrentar
agora as graves consequências do seu crime". Raj
Rajaratnam, amigo de Gupta e dono fundador do fundo de investimentos
Galleon, havia sido condenado em outubro de 2011 a 11 anos de prisão, a
pena mais dura imposta nos Estados Unidos a alguém pelo crime de uso
ilegal de informação empresarial privilegiada.
Segundo a SEC (Comissão
de Valores Mobiliários, que fiscaliza a bolsa), Gupta transmitiu ao dono
do fundo Galleon informações sobre o investimento de 5 bilhões de
dólares que o multimilionário Warren Buffett se dispunha a fazer no
Goldman Sachs em 2008.
[1] Enquanto isso, no
Brasil, já houve casos de comprovação do uso de informação privilegiada
no mercado de capitais, envolvendo empresas como Randon (2002), Sadia
(2006) e Ipiranga (2007), mas ninguém foi preso. No máximo, houve a
aplicação de multas.
Fonte: Isto é Dinheiro
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